domingo, 11 de abril de 2010

post do Marat

VÍDEO-ATOR OU VÍDEO-PERSONAGEM




Em princípio, o vídeo-ator já está criado, ele já existe. É preciso agora definir seu personagem no espetáculo. Uso para isso as três premissas apresentadas no projeto: o teatro de Ionesco, as pinturas de Magritte e a incomunicabilidade na sociedade urbana contemporânea. Para me aproximar desses três pontos e harmonizá-los, escolhi o existencialismo como parâmetro. Na literatura, com Albert Camus (O Estrangeiro), Franz Kafka (A Metamorfose), Dostoiévski (Crime e Castigo), Mary Shelley (Frankenstein), remontando ao Gênesis bíblico. No cinema, com Ingmar Bergman (Persona), Fritz Lang (Metrópolis), Ridley Scott (Blade Runner). Nos quadrinhos, com Grant Morrison (Animal Man) e Alan Moore (Monstro do Pântano, V de Vingança). Nos animes, com Ghost in Shel, de Masamune Shirow; Akira, de Katsuhiro Otomo; Tenshi Muyo, de Hitoshi Okuda. Na música, com os cantos gregorianos, a música eletrônica alemã e o minimalismo. A partir desse mosaico de possibilidades posso começar a montar um vídeo-personagem, com a missão de interagir com os atores físicos durante o espetáculo e, ao mesmo tempo, manter as características básicas da linguagem do vídeo e do cinema.



A-E-I-O-NESCO



Primeiras impressões: Toda vez que penso nas dificuldades para montar o espetáculo, a principal parece ser a de colocar cem atores em cena, e em especial dando espaço para que não se tornem meros figurantes. A primeira idéia que me vem à mente é linha de montagem: os atores circulariam em cena entrando e saindo de uma espécie de máquina, todos de terno e gravata, chapéu e guarda-chuva (numa referência óbvia aos quadros de Magritte), em um ritmo moderado: a roda de Caio Fernando Abreu, no conto Dama da Noite. Em alguns momentos fariam coreografias com os guarda-chuvas, o chapéu; em alguns momentos fariam um coro. Dessa forma seria possível estarem todo o tempo em cena, atuando de forma bastante física e trabalhando também com o canto e a dança. Algo como: roda-linha de montagem-entra-sai-roda. Um primeiro esboço.

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